Decidimos incluir alguns capítulos que abordam a apicultura de maneira mais formal, mais técnica. Contudo, a leitura por si só apresenta um teor explicativo e gratificante pelo conhecimento relacionado a vida das abelhas em sociedade. Mesmo tratando de conclusões a partir do próprio olhar humano, revela-se um exemplo a humanidade.
Por
Monik da Silveira Susçuarana
As abelhas são consideradas os polinizadores mais importantes, pois além de serem extremamente eficientes na polinização, elas também representam cerca de 25.000 das 40.000 espécies de polinizadores.
Em ecologia, sociedade é uma relação harmônica entre seres da mesma espécie que se auxiliam mutuamente e vivem separados anatomicamente. Ao contrário do que muitos pensam, a maioria das abelhas é solitária, não vive em sociedade.
Na sociedade das abelhas (colmeia) distinguem-se três castas: a rainha, o zangão (cerca de 400 indivíduos) e as operárias (de 5.000 a 100.000 indivíduos).
A rainha é a mãe de todas as abelhas da colmeia e é responsável pela postura de ovos. É a única fértil para todos os zangões e a fecundação ocorre no voo nupcial. Seus óvulos são haploides (n) e quando fecundados originam ovos diploides (2n), que se transformam em larvas. Os óvulos não fecundados originam os zangões em um processo denominado partenogênese.

As larvas alimentadas com mel e pólen transformam-se em operárias, já as que recebem uma secreção glandular produzida pelas operárias, chamada de geleia real, evoluem para rainhas. Os zangões recebem alimentação igual a das operárias.
As operárias são fêmeas estéreis, vivem geralmente 60 dias e exercem diversas funções distribuídas de acordo com suas idades. As mais jovens (2º ao 3º dia) fazem a limpeza da colmeia. Após isso, do 4º ao 12º dia, dedicam-se à nutrição das larvas, zangões e rainha. Do 13º ao 18º dia elas produzem a cera, constroem e consertam os favos. Nesse período elas também produzem o mel, transformando o néctar das flores trazido pelas campeiras. Do 19º ao 20º dia elas defendem a colmeia contra inimigos. Do 21º ao 60º dia elas fazem o serviço externo, coletando néctar, pólen, água e própolis e levando para a colmeia, sendo chamadas de campeiras. A ordem dessas funções pode variar de acordo com as necessidades da colmeia.
Os favos são formados por alvéolos, que são utilizados para armazenamento de mel, pólen e para o desenvolvimento das larvas de zangões e operárias. A larva da rainha é criada num alvéolo modificado chamado de realeira. Quando a rainha morre ou deixa de realizar posturas por causa da idade avançada, as operárias escolhem ovos recentemente depositados ou larvas para se desenvolverem em realeiras, produzindo novas rainhas. A primeira rainha a nascer destrói as demais realeiras e luta com outras rainhas que tenham nascido ao mesmo tempo até que uma sobreviva.
Os zangões são responsáveis unicamente pela fecundação da rainha. Eles são atraídos pelo feromônio produzido pela rainha a uma distância de até 5 km durante o voo nupcial. Durante o acasalamento, o órgão genital do zangão fica preso no corpo da rainha e se rompe, ocasionando sua morte.
Tivemos o cuidado em destacar algumas fontes de referência, mas a literatura é muito vasta e apresentam leves, mas insignificantes divergências, sobretudo relacionado ao aspecto quantitativo.
Fonte:
http://www.infoescola.com/ecologia/sociedade-das-abelhas/
Referências:
https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mel/SPMel/organizacao.htm
https://www.youtube.com/watch?v=8jrmowixfSY (vídeo)
https://www.youtube.com/watch?v=b4XqNCiGd7g
http://sergiorochareporter.com.br/albert-einstein-se-as-abelhas-forem-extintas-a-humanidade-tera-apenas-4-anos-de-existencia/
Obs: em edição
Se não bastasse um Brito em Santa Luzia do Paruá citado em nossa obra, temos o biólogo Jansen Brito, da Associação de Proteção as Abelhas e ao Meio Ambiente (Aspama).
Um dos propósitos de nassa obra, abordado sobretudo no projeto do livro, comunga com a atitude do Instituto Nacional do Semiárido
(Insa/MCTI) que promoveu a palestra com o tema "A importância das abelhas para a humanidade e o meio ambiente" aos estudantes do ensino médio de Campina Grande (PB).
Físico Albert Einstein que alertava sobre a importância das abelhas:
“Se
as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas
mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há
reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá
raça humana.” (Produzir um cartão com imagem pertinente e a frase de Einstein)
Outro texto (editando) https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mel/SPMel/organizacao.htm
Quando falamos de abelhas, é comum imagina-las como seres sociais, ou seja, vivendo em colônias ou colmeias. Contudo, existem menos de mil espécies sociais em um universo de mais de 20000 espécies entre abelhas sociais, semi-sociais e solitárias.
Teceremos alguns comentários para construírmos um conhecimento sobre as demais tipos de abelhas de modo bastante generalizado. Mas, destacamos que nosso foco é a grande e invejável referência, sob uma ótica humana, que são as abelhas de convívio social.
Abelhas solitárias
Citarei um colega que estabelece uma diferença entre os termos "maioria e grade maioria" que é Gleiber Paz e aqui, usarei o termo grande maioria para o quantitativo referente às abelhas solitárias que atingem um total de 85%, atualmente atingindo mais de 30000 espécies segundo alguns autores de referência na área.
Não fazem a divisão de trabalho entre as fêmeas de
uma mesma geração. E comumente, a fêmea morre antes de sua cria atingir a fase adulta.
O local de construção do ninho é variado, pode ser no solo, dentro de troncos ou galhos, em
frutos, em rochas ou, em cavidades preexistentes.
As abelhas solitárias não produzem mel, geléia real, própolis e cera. No entanto, possuem
um papel ecológico imprescindível na manutenção de muitas espécies vegetais. Ao coletar alimento
nas flores, as abelhas transportam o pólen de uma flor para a outra, promovendo a polinização
cruzada. Uma polinização bem sucedida garante a formação de frutos e sementes sadios. Culturas
dependentes de abelhas para polinização geram mais de seis bilhões de dólares, contra 45 milhões
de dólares gerados pelos produtos apícolas das abelhas produtoras de mel.
Na maioria dos países, a polinização de áreas agrícolas com abelhas é realizada por Apis
mellifera, prioritariamente. Porém, há cultivos exclusivamente polinizados por espécies de abelhas
solitárias.
O Brasil já utiliza espécies de Xylocopa para a polinização do maracujazeiro; são as chamadas
mamangavas. Nos EUA, Megachile e Osmia são utilizadas para polinização da alfafa. Na Europa
em plantios de macieira é usada Osmia rufa.
Apesar do número elevado de espécies de abelhas solitárias, destacaremos as mamangabas ou mangangá como conhecemos em nossa região. Bombinae (mamangabas) abelhas solitárias ou semi-sociais. Dependendo da região, são também conhecidas por mangava, mangaba, abelhão, bombolini, vespa-de-rodeio, vespão. São abelhas solitárias ou semi-sociais de tamanho grande e bastante peludas. Pertencem a várias famílias e os gêneros mais comuns são Bombus, Eulaema, Centris, Xylocopa e Epicharis. De maioria preta e amarela, emitem um zumbido alto quando realizam seus vôos. São importantes polinizadoras e, por cultivar a moringa, tenho detectado uma atração pelas flores desta planta que surpreende a cada descoberta por seus potenciais alimentícios e medicinais.
Em leitura sobre esta espécie observei registros sobre a raridade de suas picadas, ocorrendo quando de alguma forna estabelecemos contato físico. Ainda insistem em dizer que apesar do tamanho avantajado são extremamente dóceis, possibilitando que as observemos coletando o néctar e pólen das flores. Particularmente, tenho ouvido relatos de picadas em crianças que brincam batendo na madeira ocada onde perceberam movimento dos mangangás ou tapando entrada de seus verdadeiros canais construídos em galhos mortos de arvores ou madeiras em estado comprometido, onde constroem verdadeiros dutos com várias saídas e quando não picam o dedo na própria entrada bloqueada, saem por outras aberturas e demonstram sua indignação pelo importunio. Salientamos que, costumam fazer essas aberturas para realizar reprodução, período em que muitas espécies revelam mais agressividade por instinto natural de proteção e defesa. Aproveito para destacar que mudam de tonalidade, preto e marron, de acordo com a idade e que apesar da docilidade descrita por vários autores, não fui vitima, mas a picada desta espécie só é comparada ao cavalo-do-cão (marimbondo cavalo ou caçador).
Fazem ninhos forrados com pedaços de palha em ocos de árvores ou no solo, preferencialmente em barrancos, podendo também fazer ninhos debaixo do piso de casas ou nos jardins e produz mel em pouca quantidade armazenando-o dentro de bolsas de cera e não de favos.
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Magangá
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Marimbondo caçador
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Abelhas semi-sociais
São constituídas por uma única fêmea que constrói, aprovisiona e realiza
postura em suas próprias células.
Como acontece com as abelhas solitárias, essas fêmeas também morrem antes que o adulto
emerja. Porém, o aprovisionamento dessas células é feito de maneira progressiva, diferente do
que ocorre nas espécies de abelhas solitárias.
Abelhas sociais
Vivem em colônias organizadas em que os indivíduos se dividem em castas, possuindo funções bem definidas que são executadas visando sempre à sobrevivência e manutenção do enxame. Numa colônia, em condições normais, existe uma rainha, cerca de 5.000 a 100.000 operárias e de 0 a 400 zangões.
A rainha tem por função a postura de ovos e a manutenção da ordem social na colmeia. A larva da rainha é criada num alvéolo modificado, bem maior que os das larvas de operárias e zangões, de formato cilíndrico, denominado realeira, sendo alimentada pelas operárias com a geléia real, produto rico em proteínas, vitaminas e hormônios sexuais. A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de uma operária e é a única fêmea fértil da colmeia, apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido.
Devemos fazer uso de uma imagem de terceiros pois, apesar da curiosidade de todo apicultor iniciante, em conhecer a rainha, não nos dedicamos a esta tarefa estressante para as abelhas aliada ao nosso pouco tempo para dedicar a atividade. Sempre tínhamos metas traçadas antecipadamente, com raríssimas adaptações por contratempos. É fácil e comum detectar as realeiras, e conhecíamos as características da presença da rainha. Um delas consiste em maiores aglomerados em sua posição. É extremamente ágil e sua busca pode acidentalmente ocasionar danos a integridade física, além do stress da colônia.
Imagem da rainha e das realeiras
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vôo nupcial para sua fecundação que ocorre, aproximadamente, aos nove dias de vida. A fecundação ocorre em áreas de congregação de zangões, onde existem de centenas a milhares de zangões voando à espera de uma rainha, conferindo assim uma grande variabilidade genética no acasalamento chegando a copular com uma média de 14 zangões. Devido sua superioridade e agilidade consegue escapar aos desfechos dos machos, mas ao chegar na colônia com poucos feitos é impulsionada a realizar outros vôos até que as operarias julguem suficiente, pois as mesmas detectam quantidade insuficiente de órgãos dos zangões(endófalos) encrustados em sua espermateca e volume insuficiente da mesma em função do depósito reduzido de espermas. Lembramos que não mais realizará outro momento de cópula permanecendo com o semem coletado, neste momento, até sua idade avançada quando estará com numero modesto de espermatozoides, detectados pelo apicultor pela presença excessiva de zangões na colméia até que as próprias operárias decidam por fim a sua matriarca ou que o apicultor o faça por procedimentos racionais necessários à eficiência da produção.
A rainha atinge 10 metros de altura em seu vôo nupcial, atraindo os zangões com a liberação de substâncias denominadas feromônios detectados pelo mesmo até 10km de distância por seus desenvolvidos órgãos olfativos. Apenas os mais rápidos e fortes conseguem alcançá-la e o acasalamento, ou cópula, ocorre em pleno vôo, iniciando a postura dos ovos na colônia de 3 a 7 dias depois do acasalamento.
Ovos fertilizados dão origem às fêmeas (operárias ou novas rainhas), e ovos não fertilizados, originam os zangões. Este, em casos especiais, podem ser produzidos por operárias.
A capacidade de postura da rainha pode ser de até 2.500 a 3.000 ovos por dia, em condições de abundância de alimento. Ela pode viver e reproduzir-se por até 3 anos ou mais. Entretanto, em climas tropicais, sua taxa de postura diminui após o primeiro ano. Por isso, costuma-se recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente.
A rainha consegue manter a ordem social na colmeia através da liberação de feromônios. Essas substâncias têm função atrativa e justifica a presença da rainha em atividade inibindo a produção de outras rainhas, a postura de ovos pelas operárias e a enxameação. Funciona também como identidade da colmeia, transferindo a substância a todos os membros da colônia orientando as operárias. A rainha está sempre acompanhada por um grupo séquito de 5 a 10 operárias, encarregadas de alimentá-la e cuidar de sua higiene.
Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromônios e de realizar posturas, em virtude de sua idade avançada, ou ainda quando o enxame está muito populoso e falta espaço na colmeia, as operárias escolhem ovos recentemente depositados ou larvas de no máximo 3 dias de idade e os põe em realeiras que são células especiais destinadas a alimentação e cuidados diferenciados para a produção de novas rainhas. A primeira rainha a nascer destrói as demais realeiras e luta com outras rainhas que tenham nascido ao mesmo tempo até que sobreviva a mais forte e por seleção natural garante a transferência genética à toda família.
Em caso de população grande, a rainha velha enxameia com, aproximadamente, metade da população antes do nascimento de uma nova rainha. Em alguns casos, quando a rainha está muito cansada, ela pode permanecer na colmeia em convivência com a nova rainha por algumas semanas, até sua morte natural. Também pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga, logo após o nascimento ou que as operárias decidam sacrificá-la por asfixia.
As operárias executam atividades distintas, de acordo com a idade, desenvolvimento glandular e necessidade da colônia.
Funções executadas pelas operárias de acordo com a idade.
1º ao 5º dia (são faxineiras ou babás)
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De Carlos Silva |
Realizam a limpeza dos alvéolos e de abelhas recém-nascidas
5º ao 10º (babás)
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De Carlos Silva |
São chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentação das larvas em desenvolvimento. Nesse estágio, elas apresentam grande desenvolvimento das glândulas hipofaringeanas e mandibulares, produtoras de geléia real.
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De Carlos Silva |
11º ao 20º dia (construtoras e químicas)
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De Carlos Silva |
Produzem cera para construção de favos, quando há necessidade, pois nessa idade as operárias apresentam grande desenvolvimento das glândulas ceríferas. Além disso, recebem e desidratam o néctar trazido pelas campeiras, elaborando o mel.
18º ao 21º dia (soldados)
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De Carlos Silva |
Realizam a defesa da colmeia. Nessa fase, as operárias apresentam os órgãos de defesa bem desenvolvidos, com grande acúmulo de veneno. Podem também participar do controle da temperatura na colmeia.
22º dia até a morte (campeeiras)
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De Carlos Silva |
Realizam a coleta de néctar, pólen, resinas e água.
A necessidade da colmeia pode exigir das operárias a reativação de algumas das glândulas atrofiadas para realizar determinada atividade. Por exemplo, uma abelha mais nova pode sair para a coleta no campo e uma abelha mais velha pode encarregar-se de alimentar a cria.
Na fase de larva, as operárias recebem alimento menos nutritivo e em menor quantidade que a rainha, comprometendo os órgãos reprodutores com atrofiamento, permanecendo assim na fase adulta como consequência do uso de feromônios pela rainha. No entanto, possuem órgãos de defesa e trabalho perfeitamente desenvolvidos, muitos dos quais não são observados na rainha e no zangão, como a corbícula (onde é feito o transporte de materiais sólidos) e as glândulas de cera.
Os zangões são os indivíduos machos da colônia, com a única função de fecundar rainhas durante o vôo nupcial. As larvas de zangões são criadas em alvéolos maiores que os alvéolos das larvas de operárias e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo a adulto. Eles são maiores e mais fortes do que as operárias, entretanto, não possuem órgãos para trabalho, nem ferrão e, em determinados períodos, são alimentados pelas operárias. Em contrapartida, os zangões apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas com maior capacidade olfativa. Além disso, possuem asas maiores, musculatura de vôo mais desenvolvida e tem passagem livre em qualquer enxame da espécie, não sendo privilégio das operárias a não ser que estas estejam portando pólen e/ou néctar. Essas características lhes permitem maior orientação, percepção e rapidez para a localização de rainhas virgens durante o vôo nupcial.
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De Carlos Silva |
Desenvolvimento das abelhas
Fontes:
http://www.ufrrj.br/abelhanatureza/paginas/docs_abelha_nat/abelha_solitaria.pdf
http://www.webbee.org.br/didatico/pg04.htm
http://www.webbee.org.br/beelife/biolo.htm
http://www.abelhasdobrasil.com.br/2011/06/as-abelhas-solitarias-semi-sociais-e.html
ftp://www.ufv.br/DBG/Apiario/socialidade.pdf
ftp://www.ufv.br/DBG/Apiario/origemdasabelhas.pdf
http://eco.ib.usp.br/beelab/solitarias.htm
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http://ideiaweb.org/wp-content/uploads/dont-poison-me.jpg |